FÉ QUE ALIMENTA – Queda de preço faz pescado ganhar espaço na mesa do almoço Círio

Além dos produtos tipicamente consumidos pelos paraenses na quadra nazarena, como o pato, a maniva, o jambu e o tucupi, um coadjuvante tem ganhado espaço na mesa da população. É que o pescado comercializado nos mercados municipais de Belém apresentou pelo quarto mês consecutivo queda de preço, conforme pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 9, pela Secretaria Municipal de Economia (Secon) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese).

“A maniçoba já está forno para domingo, mas quero também fazer um prato com o peixe para os parentes do Rio de Janeiro”, conta Maria do Socorro Almeida, que foi ao Mercado de Ferro do Ver-o-Peso comprar dez quilos de pescada gó e cinco quilos de filhote.

Fernando Souza trabalha há 41 anos no Mercado de Peixe e revela que próximo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré as vendas costumam aumentar. “Muitos donos de restaurantes e os próprios feirantes do setor de alimentação do Ver-o-Peso vêm aqui comprar, por conta do número de turistas que vão aos boxes experimentar o famoso peixe frito com açaí”, comenta o vendedor, que também é presidente do Sindicato dos Peixeiros de Belém.

Segundo dados da Secon, o Complexo do Ver-o-Peso recebe cerca de 20 mil pessoas por dia. “No entanto, o movimento chega a dobrar em épocas festivas, como o Círio, aquecendo ainda mais a economia local”, destaca o secretário municipal de economia, Rosivaldo Batista.

“Já foi apontado pelo Dieese que o Complexo Ver-o-Peso é um dos pontos turísticos mais visitados da capital durante o Círio. Com a queda contínua do preço do pescado este é o momento ideal para turistas e moradores de Belém misturarem nossos sabores e, quem sabe, fazer, além do pato, um peixe no tucupi para o almoço do próximo domingo”, sugere o supervisor técnico do Dieese, o economista Roberto Sena.

Pesquisa – De acordo com o levantamento, as quedas mais expressivas de preço do pescado no mês de setembro foram do quilo da pratiqueira, com recuo de 11,26%; seguida do cachorro de padre, com queda de 10,47%; do xaréu, de -8,40%; do tucunaré, -7,98%; da pescada branca, -7,72%; do bagre, -7,07%; da sarda, -6,09%; do tamuatá, -5,34%; do mapará, -5,24%; do curimatã, -5,08%; do filhote, -4,65%; do serra, -3,81%; da dourada, -3,70%; da gurijuba, -2,88%; da piramutaba, -2,73%; da pescada amarela, -2,33%; do cação, -2,26%; do aracu, com queda de 2,03%; e do camurim, que registrou recuo de preço de 1,61%.

De janeiro a setembro, algumas espécies de pescado apresentaram quedas de preços, com destaque para a piramutaba, com recuo de 13,51%; seguida do tambaqui, com queda de 11,94%; do filhote, que registrou -11,49%; do serra, com -8,18%; do xaréu, -7,13%; da corvina, -7,04%; da dourada, -5,39%; do tucunaré, -5,36%; do mapará, -4,55%; do bagre, -4,36%; da pescada amarela, com queda de 4,25% no preço do quilo; e da uritinga, que sofreu recuo de preço de 4,10%.

Já o estudo que aborda a trajetória dos valores dos peixes nos últimos 12 meses mostrou que apresentaram recuos de preços principalmente o quilo do cachorro de padre, com queda de 25,73%; seguido da piramutaba, com recuo de 21,09%; da sarda, com -15,44%; da dourada, -12,04%; da pescada amarela, -9,51%; do bagre, -7,93%; do xaréu, -6,55%; do mapará, -5,04%; da gurijuba, com queda de 3,23% no preço; e da pescada branca, com recuo de 2,62%.

Texto: Roberta Corrêa/ Fotos: Nel Monteiro