Os trabalhadores do complexo do Ver-o-Peso, representantes de diversos segmentos e a sociedade em geral puderam conhecer detalhes do projeto executivo de reforma e revitalização do espaço durante a apresentação realizada pela Prefeitura de Belém nesta quarta-feira, 03, no Teatro Maria Silvya Nunes, na Estação das Docas.
A prefeitura pretende mudar para melhor as condições de trabalho dos 791 permissionários que tiram o sustento das famílias na feira
considerada um dos mais importantes cartões postais da cidade. Para isso, haverá intervenção numa área de mais de 10 mil metros quadrados, com investimentos previstos na ordem de R$ de 34 milhões.
Todos os equipamentos da feira serão readaptados de acordo com cada atividade e receberão estruturas de alvenaria, balcão de granito, nova rede elétrica, abastecimento de água, identificação visual e adequação aos padrões definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
O arquiteto José Freire, da DPJ, empresa que venceu a licitação para executar reforma, apresentou o escopo técnico do projeto, elaborado com a participação dos feirantes. “A última intervenção da administração pública no Ver-o-Peso representou uma mudança significativa, foi muito importante naquele contexto de 18 anos atrás, mas já cumpriu seu papel e hoje, os equipamentos e o formato do mercado não atendem mais as necessidades atuais”, avaliou.
As modificações estruturais que serão feitas na feira incluem a cobertura, o piso, o formato das barracas, banheiros, instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção e combate a incêndio. “A nova cobertura tem a concepção mais moderna utilizada atualmente em grandes construções, por permitir o aproveitamento da luz natural e a circulação do vento, com uma estrutura tubular metálica leve e a fácil remoção, além de telhas termoacústicas, que isolam o calor e ruídos. E ainda é sustentável, por permitir o reaproveitamento da água da chuva”, detalhou o arquiteto.
Para ser executado, o projeto está sendo avaliado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Pará. A superintendente do Iphan, Maria Dorotéia de Lima, justificou porque o projeto ainda não teve sua análise concluída. “Recebemos todas as etapas do projeto juntas e ainda não conseguimos avaliar todos os elementos. Essa apresentação de hoje, junto com a simulação por maquete vai nos ajudar”, afirmou.
Para Dorotéia, o projeto também precisa ser amplamente discutido e receber modificações. “Reconhecemos que o projeto tem aspectos muito positivos, atendendo questões sustentáveis e modernas, mas ajustes ainda podem ser feitos e ele deve ser mais amplamente discutido”, defendeu.
O prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, ressaltou que muito já foi discutido com os interessados, mas é preciso correr contra o tempo para não perder os recursos já garantidos junto ao Governo do Estado para execução da obra. “Temos prazo e recursos para realizar a obra e precisamos agilizar as discussões e os ajustes para tocar os trabalhos o quanto antes, senão a verba terá de ser direcionada para outra necessidade”, enfatizou.
Os feirantes presentes puderam fazer perguntas e tirar dúvidas sobre vários aspectos do projeto. O presidente da Associação de Feiras e Mercados, popularmente conhecido como Gigante, resumiu o que mais preocupa os trabalhadores do mercado. “A maior preocupação de todos é sobre o tamanho dos equipamentos. O número de feirantes não pode ser alterado e todos devem ter seus espaços adequados para desenvolver o trabalho com dignidade e qualidade”, disse.
A arquiteta da DPJ, Mariana Souza, que tem participado, ao lado de representantes da prefeitura, das reuniões para discussão e ajustes no projeto junto aos feirantes, desde o ano passado, afirmou que não haverá supressão de espaços. “Conseguimos aumentar a maioria das barracas com exceção das de alimentação que já têm o maior tamanho de quatro metros quadrados. Nenhuma vai diminuir de tamanho e as que forem aumentar não podem prejudicar os outros”, frisou.
Outro ponto questionado foi a disposição das barracas de lanche. “Já estamos acostumados do jeito que estamos há anos lá, se mudar, alguns serão prejudicados”, disse o feirante Louro. O prefeito solicitou na hora que foi reavaliada a disposição pensada para os 20 lancheiros que atuam próximo as paradas de ônibus. “Essas pessoas pensam como comerciantes, então ficar ao longo das paradas é estratégico para eles, teremos de rever qualquer alteração nisso”, afirmou.
Muitos se preocupavam também com os remanejamentos durante as obras. “Assim que for aprovado e liberado pelo Iphan, vamos montar um cronograma de obra e traçar estratégias de remanejamento com a participação dos representantes de cada setor, a Secon, Seurb, a empresa responsável e o IPHAN”, garantiu o prefeito.
Dona Conceição estava preocupada com a Feira de Açaí que abastece sua barraca. “Estou satisfeita com o projeto das barracas de venda de açaí mas me preocupo se a Feira ainda continuará no mesmo local”, informou.
Segundo Zenaldo, a Feira do Açaí não será afetada. “Ela continua no mesmo lugar e a senhora continuará comprando seu açaí lá, para processar na sua barraca, inserida no setor que receberá investimentos para atender todas a exigências da Anvisa, de processamento e branqueamento do açaí”, explicou.
Também estiveram presentes o procurador-chefe do Ministério Público Federal no Pará, José Augusto Potiguar; Noêmia Jacob, Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop); Silvia Rodrigues, do Conselho Nacional de Cultura/Ministério da Cultura; Alice Rosas, do Conselho Estadual de Urbanismo (CAU); Adinaldo de Oliveira, secretário municipal de Urbanismo (Seurb); Fabio Lucas secretário municipal de Economia (Secon), os deputados estaduais Celso Sabino e Carlos Bordalo, além de outros parlamentares.
Texto: Jaqueline Ferreira
Foto: Alessandra Serrão – NID/Comus
Secretaria Municipal de Urbanismo (SEURB)